terça-feira, 29 de setembro de 2015

Século XIX e a Educação Nacional

Século XIX e a Educação Nacional
Por: Maria Silvia Bacila Winkeler
Base na obra de:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.

No século XVIII a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL começou a alterar a fisionomia do mundo do trabalho e no século XIX esses impactos são percebidos.
As novas máquinas modificaram profundamente as relações de trabalho trazendo a população do campo para a cidade.
O século XIX representou o período da consolidação do poder dos burgueses, que até então tinham sido os opositores ao regime aristocrático e feudal.
O contraste entre a riqueza e a pobreza era CRUEL nesse século em que a jornada de trabalho se estendia de 14 a 16 horas, inclusive mão de obra infantil e feminina.
Na onda do nacionalismo do século XIX, a Europa presenciou a unificação da Alemanha e da Itália, ambas em 1870. Na América, as colônias espanholas e portuguesas tornaram-se independentes.
EDUCAÇÃO – CARACTERÍSTICAS GERAIS
Enquanto o Estado se esforçava para oferecer escola gratuita para todos os ricos ainda procuravam escolas tradicionais religiosas.
Apesar da crítica dos religiosos à educação laica, lentamente os governos conseguiram intervir,  inclusive nas escolas particulares por meio da legislação.
Deu-se uma grande expansão da rede escolar (escola elementar, secundária e superior) e surge a pré-escola.
Na escola secundária manteve-se o dualismo curricular.
No ensino superior surgem as escolas politécnicas para atender às necessidades do avanço tecnológico.
Duas fortes influências:
- Froebel – jardins de infância;
- Pestalozzi – com a educação humanista e erudita na escola elementar.
FRANÇA
Desde a Revolução de 1789 os franceses defendiam a educação pública e gratuita.
No começo do século XIX Napoleão voltou seus interesses ao ensino superior deixando o ensino elementar a cargo das ordens religiosas SEM a GRATUIDADE tão defendida.
Após a queda de Napoleão (18 de junho de 1815) , quando foram reestabelecidas as relações com a Inglaterra,  os franceses aproveitaram-se das técnicas do ENSINO MÚTUO.
ANDREW BELL e JOSEPH LANCASTER
Entre 1815 e 1820 – abriram mil escolas com mais de 150 mil alunos. O projeto extinguiu-se em 1870.
INGLATERRA
Devido à tradição do Estado, a educação continuou como função da sociedade civil, subvencionada por igrejas ou fundações particulares.
A partir de 1830 o governo inglês implantou as public schools – inicialmente frequentadas por crianças mais ricas.
Robert Owen (1771-1858) fundou escolas para os filhos dos trabalhadores.
Ensino Mútuo.

MUDANÇA DA CORTE PARA O BRASIL
Com a vinda de D. João VI o Brasil passou por mudanças consideráveis: instalação da imprensa, museu, biblioteca e academias.
Na Assembleia Constituinte de 1823 – discussões sobre a educação voaram alto demais. Motivados pelos ideais da revolução francesa,  os deputados aspiravam um SISTEMA NACIONAL DE INSTRUÇÃO PÚBLICA.
Em 1827 finalmente foi instituída a LEI  “A ÚNICA QUE EM MAIS DE UM SÉCULO SE PROMULGOU SOBRE O ASSUNTO PARA TODO O PAÍS E QUE DETERMINA A CRIAÇÃO DE ESCOLAS DE PRIMEIRAS LETRAS EM TODAS AS CIDADES, VILAS E LUGAREJOS...”
Considerado ambicioso demais foi engavetado e esquecido antes de ser aprovado.
Na Constituição de 1824 havia menção para a criação de um sistema nacional de educação, mas não foi contemplado em 1827.
Elite educava seus filhos em casa com preceptores.
1867 – apenas 10% da população estava matriculada nas escolas.
Ensino Mútuo - desde 1819.
Reforma de 1834 – descentralizou o ensino elementar e secundário. Poder central somente o superior.
Apenas após a PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA (1889)  –  são instituídos os GRUPOS ESCOLARES.
MÉTODO INTUITIVO - MERIE PAPE CARPENTIER  (1815 – 1878) – sentidos são a porta do conhecimento.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

GESTÃO EDUCACIONAL: UMA MUDANÇA PARADIGMÁTICA

GESTÃO EDUCACIONAL

Por: Maria Sílvia Bacila Winkeler


Base: Lück, Heloísa. Gestão educacional. Petrópolis: Vozes, 2011.

§  Para Lück (2011) houve uma mudança paradigmática, sobretudo a parir da década de 1990.
§  É um conceito que foi reconhecido como base para a organização dos processos educacionais e mobilização das pessoas voltadas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino que se oferece.
§  Condição:
§  Que os gestores preparem-se para o exercício de seu papel:
ú  Aproveitando a EXPERIÊNCIA para construir conhecimentos sobre sua prática;
ú  Contribuindo para a melhoria do trabalho dos demais gestores.
§  O conceito de GESTÃO - Para Lück (2011, p. 34),
“O conceito de gestão resulta de um novo entendimento a respeito da condução dos destinos das organizações, que leva em consideração o todo em relação com as suas partes e destas entre si”.
§  Com essa perspectiva, a mudança de paradigma na gestão estabelece uma alteração do enfoque de administração para o de gestão.
Promovendo:
§  Mobilização, organização e articulação do desempenho humano e promoção de uma sinergia coletiva.
§  Conceito de GESTÃO EDUCACIONAL para Lück (2011, p. 35-36)
“Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo, de participação e compartilhamento, autocontrole e transparência”.
§  Lück (2011) aponta para 6 aspectos gerais dessa transformação.
1. Da ótica fragmentada para a ótica organizada pela visão de conjunto
§  A fragmentação tem produzido a geração de unidades de ação artificialmente  independentes e autônomas que atuam isoladamente.
§  Considerando Morin (1987),
§  A realidade é unitária e sistêmica, constituída pelas contínuas e dinâmicas inter-relações entre componentes e indivíduos, os elementos, e os acontecimentos, as ações e as dimensões de uma mesma realidade se tornam componentes de um conjunto, pelo seu processo inter-relacional, formando uma reciprocidade circular entre eles.
2. Da delimitação de responsabilidade para sua expansão
§  Uma das tendências é jogar a responsabilidade sobre os outros.
§  Família, alunos, sistema...
§  Senge (1992, p. 29) sugere:
§  “Quando os membros de uma organização concentram-se apenas em sua função, eles não se sentem responsáveis pelos resultados quando todas as funções atuam em conjunto”.
3. Da centralização da autoridade para a descentralização
§  Modelo de administração que preconiza o distanciamento entre os que formulam políticas e programas e os que executam.
4. Da ação episódica por eventos para o processo dinâmico, contínuo e global.
§  Realização de ações episódicas revela falta de visão de conjunto.
§  Amir Klink  (1993):  “Pense grande e aja no pequeno”.
5. Da burocratização e da hierarquização para a coordenação e horizontalização
§  Burocratização – passa a ser considerada um valor em si mesma.
§  Função acima da ação.
6. Da ação individual para a coletiva
§  “O processo educacional se assenta sobre o relacionamento de pessoas orientado por uma concepção de ação conjunta e interativa” (LÜCK, 2011, p. 98).
§  O que existe é uma DINÂMICA INTERATIVA entre ambas, por vezes marcadas por TENSÕES.
§  “Pode-se afirmar que ambas estão certas e são úteis na perspectiva apropriada (FERGUSON, 1993).
§  Mudança de PARADIGMA de ADM para GESTÃO.
§  Concluindo
§  Na mudança paradigmática, o que ocorre não é uma substituição de um enfoque por outro, pois  na medida em que isso seja feito,  nega-se uma dimensão da realidade, mesmo que limitada, por outra que, pelo enfoque da substituição, se torna igualmente limitada.
§  A gestão, em vista disso, se assenta sobre bons procedimentos de administração bem resolvidos e os supera mediante ações de sentido mais amplo.